Julga-me a gente toda por perdido, Vendo-me tão entregue a meu cuidado, Andar sempre dos homens apartado E dos tratos humanos esquecido. Mas eu, que tenho o mundo conhecido, E quase que sobre ele ando dobrado, Tenho por baixo, rústico, enganado Quem não é com meu mal engrandecido. Vá revolvendo a terra, o mar e … Continuar a ler
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Soneto VI – de Vasco Mousinho de Quevedo
Qual naufragante mísero que cai Da rota barca no soberbo pego, E lidando com os braços sem sossego A cada onda recea que desmaie. Tal, sem ter já lugar onde me espraie Neste mar de meu mal, cansado e cego Ando, aqui desfaleço, ali me anego E a cada encontro seu alma me sai. Em … Continuar a ler
Cantiga de D. Luís Silveira
A tais novidades vim que’eu mesmo me não conheço, porque já vi mal sem fim, mas nunc’o vi sem começo. E pois este me veio começo nem fim não tem mal esperarei também que tenha meio. Este mal só veio a mim, eu também só o mereço, os outros buscam-lhe fim, e eu busco-lhe … Continuar a ler
SONETO XXX de Vasco Mousinho de Quevedo
SONETO XXX Quando às vezes a mi, por mi pergunto, Quem fui responde que me não conhece Com não ser, de quem sou me desconhece, E tem-me por defunto, o já defunto. Ele chora-me a mi, por ele ajunto Com ele minhas lágrimas, e crece Ua com outra dor, pois se oferece Chorar quem já … Continuar a ler